Corpo do cantor Jerry Adriani é velado no Rio

Data da publicação: 24/04/2017

Cerimônia acontece no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Cantor, que se tratava de câncer, morreu aos 70 anos neste domingo.

Familiares e amigos no velório do cantor Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Familiares e amigos no velório do cantor Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz / G1)

 O corpo do cantor Jerry Adriani, que morreu neste domingo (23), é velado na manhã desta segunda-feira (24), no Cemitério Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio. Ídolo da Jovem Guarda, o artista enfrentava um câncer. Ele tinha 70 anos.

O corpo de Jerry foi recebido pelo filho Thadeu Vivas na capela B do cemitério, que segue reservada para a família. Para que todos os amigos, familiares e fãs possam se despedir do cantor, o corpo será velado durante todo o dia, e o enterro está previsto para acontecer às 17h.

Familiares chegam cedo ao velório do cantor Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Familiares chegam cedo ao velório do cantor Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Viúva de Jerry Adriani, Ceila Passos, com a amiga Alcione Mazzeo (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Viúva de Jerry Adriani, Ceila Passos, com a amiga Alcione Mazzeo (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Por volta das 9h, a viúva de Jerry, Ceila Passos chegou acompanhada da atriz Alcione Mazzeo, mãe do ator Bruno Mazzeo. Ela contou que Adriani era muito próximo dela e lamentou a morte do amigo.

“Ele era uma pessoa muito especial. Nós sempre tivemos muito contato. Ele era uma pessoa muito boa. Uma pessoa íntegra, carinhosa e que encontrou uma mulher maravilhosa, atual esposa, a Ceila. Ele estava vivendo um grande amor, estava tão feliz, e aí descobriu essa doença”, lamenta Alcione.

Nas redes sociais, a viúva de Jerry lamentou a morte do cantor e citou um texto atribuído a Charlie Chaplin: “Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”

Erasmo Carlos presta homenagem a Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz/G1)

Erasmo Carlos presta homenagem a Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz/G1)

Zeca Pagodinho enviou flores para o velório de Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz/G1)

Zeca Pagodinho enviou flores para o velório de Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz/G1)

O músico e amigo Erasmo Carlos chegou por volta das 11h30 ao velório. “A gente perde uma pessoa única que se foi para deixar muita saudade. Era um grande cantor, sincero, honesto com o que faz, feliz e com uma legião de fãs. Ele deixou um legado pra mim, que adorava e adoro, e vou continuar ouvindo as músicas dele”, disse o Tremendão.

O cantor Zeca Pagodinho, grande amigo de Jerry, também enviou uma coroa de flores em homenagem ao artista.

Agnaldo Timóteo, contemporâneo de Adriani nos anos 60, foi até o caixão do amigo e se emocionou. “Era um artista completo, versátil e de muitos sucessos. Ele vai embora, mas a sua imagem nunca, vai ficar sempre aqui”, disse Timóteo.

Fãs vieram de São Paulo para homenagear Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Fãs vieram de São Paulo para homenagear Jerry Adriani (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Fãs de Jerry vieram de São Paulo para se despedir do cantor. Em uma van fretada que saiu de São Paulo nesta madrugada, pelo menos cinco fãs vieram dar o último adeus ao artista. Tania Stocco, de 50 anos, é fã do Jerry desde 2015, quando conheceu pessoalmente o cantor num show em São Paulo. Ela destacou as principais características do artista.

“Além de ser um cantor espetacular, único e dono de uma voz maravilhosa ele era um ser humano ímpar. Tratava todos fãs como amigo. Era um artista único com uma simplicidade e humildade que não se encontra no meio artístico”, conta Tânia.

A mãe de Tânia, Antonia fênix, de 72 anos, é apaixonada pelo Jerry desde 1965. Ela não conteve a emoção ao falar do artista.

“Depois que me aproximei dele, ele frequentava minha casa nós ficamos muitos amigos. Ele falava pra mim que me considerava como sua mãe. E eu também tinha ele como meu filho. Estou arrasada. Foi muito triste,” disse muito emocionada a idosa.

Jerry Adriani em foto de 29/10/2012 (Foto: Divulgação)Jerry Adriani em foto de 29/10/2012 (Foto: Divulgação)

Jerry Adriani em foto de 29/10/2012 (Foto: Divulgação)

Perfil do artista

Jair Alves de Souza nasceu em 29 do janeiro de 1947, no bairro do Brás, em São Paulo. Adotou o nome artístico de Jerry Adriani quando começou sua carreira como cantor, em 1964. O primeiro disco foi “Italianíssimo”, quando cantava músicas em italiano, algo que seguiu fazendo em toda a carreira.

Cantor Jerry Adriani será enterrado nesta segunda-feira (24) no Rio

Em 1965, o cantor passou a gravar em português, com músicas reunidas no disco “Um grande amor”. Também na década de 1960, Jerry virou apresentador do programa “Excelsior a Go Go”, da TV Excelsior. O programa com apresentado por Luiz Aguiar era um musical com apresentações de artistas como Os Vips, Os Incríveis e Cidinha Santos.

Outro programa musical que ele comandou foi “A grande parada”, no ar pela TV Tupi em 1967 e 1968. Ele era um dos apresentadores ao lado de Neyde Aparecida, Zélia Hoffmann, Betty Faria e Marilia Pêra.

Além da TV, Jerry se aventurou pelo cinema. Ele cantou e atuou em “Essa gatinha a minha” (com Peri Ribeiro e Anik Malvil); “Jerry, A grande parada”; e “Jerry em busca do tesouro” (com Neyde Aparecida e os Pequenos Cantores da Guanabara).

Em 28/11/2002, no 'Jovens Tardes', Jerry Adriani e a banda LS Jack (Foto: TV Globo/Gianne Carvalho)

Em 28/11/2002, no ‘Jovens Tardes’, Jerry Adriani e a banda LS Jack (Foto: TV Globo/Gianne Carvalho)

Incentivo a carreira de Raul

Jerry Adriani também aproveitou de sua fama para dar apoio a novos artistas. Ele, por exemplo, foi um dos primeiros a incentivar um então pouco conhecido Raul Seixas.

Raulzito e os Panteras atuaram como banda de apoio de Jerry por três anos. O cantor gravou músicas de Raul (“Tudo que é bom dura pouco”, “Tarde demais” e “Doce doce amor”) e foi produzido pelo maluco beleza entre 1969 e 1971.

Depois da TV e do cinema, Jerry tentou a sorte no teatro. Em 1975, participou do musical “Brazilian Follies”, tendo ficado um ano e meio em cartaz.

Após essa experiência, ele seguiu fazendo shows e gravando discos. Em 1985, lançou “Tempos Felizes”, com regravações dos tempos de Jovem Guarda.

No início da década de 1990, Jerry se dedicou a um disco sobre as origens do rock, com o nome “Elvis Vive”. Em 1994, participou da novela “74.5 uma onda no ar”, exibida pela TV Manchete. Um ano depois, fez shows para comemorar os 30 anos da Jovem Guarda e participou como convidado especial de uma coletânea do estilo.

Em 1996, voltou à música italiana, com o disco CD “IO”. Em 1997, teve duas músicas em trilhas de novelas da Globo. “Engenho” fez parte da trilha de “A indomada”, e “Con te partiró”, dueto com a italiana Mafalda Minnozzi, foi parar na trilha de “Zazá”.

Versões de Legião Urbana

Também na década de 1990, saiu o disco “Forza Sempre” (1999). O trabalho tinha apenas músicas da Legião Urbana regravadas em italiano.

Foi um dos maiores sucessos da carreira de Jerry Adriani desde os tempos da Jovem Guarda. De acordo com o site oficial do cantor, bateu a marca de 200 mil cópias. De quebra, “Santa Luccia Luntana” foi bastante tocada na novela “Terra Nostra”.

O primeiro DVD da carreira foi gravado em 2007, no Canecão, no Rio. “Jerry Adriani Acústico Ao Vivo” trouxe sucessos e inéditas em formato acústico. Em 2011, lançou o CD “Pop, Jerry & Rock”, incluindo homenagem para Raul Seixas e Tim Maia na música “2012”. A ideia de cantar outros ícones da músicas brasileira e do rock rendeu ainda o show “Jerry toca Raul & Elvis”.

Em 2014, Jerry Adriani completou 50 anos de carreira. Ele seguia em turnê pelo Brasil.

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